Turismo espiritual


O livro é apenas um livro de viagens, livro de turismo espiritual. Relatam-se nele, como o título anuncia, viagens em busca do silêncio, procurado no mundo monacal, lugares de tranquilidade e meditação. São dez lições retiradas da vida monástica, vividas, é patente, sem profundidade.

Mas, curiosamente, talvez porque de escrita solta, torna-se de leitura ligeira. Consegui ir até ao fim das suas 252 páginas, lendo-as aos poucos.

A autora é jornalista de profissão, o livro inicia-a ao terminar o cargo que ocupou de anchor no programa Panorama, da BBC, tendo trabalhado previamente no The Telegraph, colega aí, aliás, de Boris Johnson.

Saturada de informação, Sarah Sands, perseguida pelo Twitter, que a cada instante traz mais um facto e cada um tido por instante e determinante, inicia a sua viagem em plena pandemia, pontua o seu caminho breves com notícias da actualidade, que até então fora o seu dia-a-dia, agora para si cada vez mais desinteressante, o mundo do espírito a ocupar o lugar da mundanidade.

Ao longo das suas páginas, vão ficando pormenores sobre cada um dos lugares, ocorrências triviais, anedoctes lhes chamam os ingleses, breves apontamentos de História, o seu quotidiano pessoal e familiar.

Li-o para concluir quanto é ter procurado, afinal, o espiritual, mas ser o material já parte indivisível do ser, ter tentado chegar ao absoluto sem ter conseguido sequer compreendê-lo, ter estado e na alma não ter perdurado vinco dessa estadia.